Minha pequena
Sinto que hoje te reencontrei. Eu sai como qualquer dia comum, minha dor de garganta incomodava e o vento gelado de Brasília congelava a ponta do meu nariz. Fui andando para a parada de ónibus. Chegando lá já muito atrasada para o trabalho resolvi sentar no bloco atrás da parada, em um lugar específico que batia sol e comecei a escutar death cab. Fechei os olhos cansados e secos por Brasília e quando abri você estava ao meu lado. Demos as mãos e não fizemos nada demais, nenhuma euforia mesmo tendo muitas saudades envolvidas. Suas pequeninas mãos me confortaram. Eu dei um fone de ouvido a você e agora éramos duas no lugar quentinho de olhos fechados escutando death cab. Lembrei que logo ali na frente estava nosso colégio que desde pequena dividimos, lembrei de nossos almoços, nossos jogos,nossos amores, nossas amizades, meus dentes aparelhados, seus cabelos desgrenhados, lembrei de tanta coisa e ri sem barulho. Não consegui perceber quando tudo isso se foi, quando foi que você foi embora. Algo se criou perto de nós, estávamos sempre ali uma do lado da outra e a cada dia mais distantes, com mais dúvidas, menos sorrisos, menos olhares e menos músicas no carro. Eu não sei quando foi que soltamos nossas mãos e fomos para a sombra. Lack of color começou a tocar e a primeira vez que ouvi essa música foi com você, naqueles intervalos de pré-vestibular entediantes. Parei de querer saber o porque daquela distância. Não importava, hoje eu te reencontrei. Estávamos no sol de novo, amarelo e colorido. Hoje terminei com essas mentiras mundiais, terminei com o medo de experimentar chocolate amargo, terminei com o passado. Fizemos isso juntas, como amigas que somos e somos e que somos.
Existem feridas estranhas e escuras no meu peito e eu as enxergo no seu também. Mas eu não tenho mais medo, se a gente não enfrenta...
Hoje me descobri uma corajosa ao querer de defender , ao querer berrar e correr com você para longe de tudo isso.
De mãos dadas a gente pula no estranho e quem sabe até acampa lá. Uma mão vai estar segurando a sua na hora do medo a outra mão protegendo seu coração pequena.
Com amor e com superação.
18 de julho de 2008
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