28 de junho de 2008

Escape

Naquela noite notei como você era bonito. Putz cara, você é muito bonito. Seus olhinhos puxados, suas sobrancelhas, as marcas de espinhas nas suas bochechas. Seus dentes afiados, sua boca...Ela merece reticências. Esses olhos de infinito perdido e suas mãos.

Você é tão estranho garoto. Se quem te visse soubesse. Mas não sabem, você é lindo demais para se deixar notar algo a mais. Quando eu conseguia me desipnotizar pela sua beleza eu enfim vi e suas pupilas procurando sempre. Vai porque eu falo demais e você fala demais. Porque você é tão novo e sabe ter uma mulher de um jeito que nunca nenhum homem me teve. Não sei se isso é depressivo e degradante para mim ou se você realmente sabe segurar a mão de uma menina.

Naquele sábado de fim de festa não sei o que aconteceu. Eu estava disposta a fazer você se desencantar por mim, não tenho costume de acreditar em gente que chama muita atenção..

Você falando falando e eu falando falando, God, finally someone who talks. Nínguem disse algo de muito lindo, você não gosta das bandas melancólicas que me fazem viver.Nós dois nos confessamos desencantados com as pessoas.

Ontem parece que a vida real infelizmente choveu. Ao mesmo tempo você precisava falar, e falou tudo pelas metades, da sua agressividade, da sua família que é tão não saudável, de que você ou é louco ou doente , sua descrença de terapia. Metade disso eu deduzi, metade você soltou olhando para o vidro do carro. Falava com um ar de quem pensava: "você não sabe como é". Eu estava tão envolta em tudo isso. Não sei te ajudar garoto, mas me deu vontade de escutar. Esqueci de te agarrar, de ser criativa, esqueci de mim e fiquei em cima do muro tentando te observar.

Não sei se foi a monotonia ou a vodka que fez você me beijar com todo charme do mundo ensaiado mais tarde. Conseguimos ontem encaixar bocas que uau. Sua mordida no meu ombro só foi para confirmar: Escorpiano escorpiano perigo perigo.

Eu te chamei para vir dormir aqui em casa não foi pelo sexo, foi pela sua companhia. Queria tanto ficar abraçada, saber mais de você, olhar seus detalhes no claro.

Coloquei meu pijama, lavei o rosto, escovei os dentes, te emprestei uma calça de moletom preta, te fiz mandar mensagem para seus pais e bebi água. Pronto. Olhei para você. Vi que suas unhas estavam sujas, mas acredite, isso foi fascinante. Nada higiénico, nada sexy mas isso fez com que eu construísse você dentro de mim mas facilmente. Conversamos como loucos novamente. É como se ninguem mais ouvisse a você ou a mim há 4 meses. Meus olhos começaram a piscar lentamente. Apaga a luz? Seus super poderes de um homem sexy me tiraram o sono.

Nunca alguém depois que transou comigo me abraçou do jeito que você me abraçou. Não era carinho de arrepiar, era carinho carinho. Não acreditei que aquela conchinha duraria por muito tempo. Mas durou e quando eu me mexi você se mexeu junto para continuar encostado em mim. Testa com testa uma hora, pé com pé, mãos dadas. Dormi tão bem, tão protegida. Me acordou com uma cara de amassado e após algumas palavras um beijo, dois, três... Falamos de nossas cicatrizes, de camisinhas, do embaraço no cabelo, de eu ser destra.

Estou indo trabalhar.Você está indo embora.
Eu não sei quando te vejo de novo, transei no segundo encontro, não temos o encanto de uma paixão, temos algo tão estranho e apático que me assusta de tão natural e de tão confortante.

Acho que você some desde hoje, vou lembrar.

15 de junho de 2008

Until

Escrevendo fica mais fácil.
Hoje um homem na rua me disse que alegria a gente aumenta e sofrimento a gente compartilha. Essas coisas bregas e piegas caem bem ás vezes. Depois que você foi as coisas não funcionam muito bem por aqui. Os carros estão enferrujando, meus olhos acordam com mais remelas e os gostos dos restaurantes mais gostosos estão vencidos. No trabalho a mesma coisa, acho que é porque por lá é impossível piorar. Meu quarto cheira a tinta forte, e faz dias que pintei,alguns dias depois que você foi. Tentei mudar pelo menos dentro de casa, já que lá fora eu não consigo.
Eu sorrio sim, tenho crises de riso ainda, durmo, sonho que viajo todos os dias. Ontem uma menina me disse que sonhos são só estímulos misturados do sistema nervoso. Meu sistema não está nervoso, ela está confuso, acho que viaja todas as noites pra ver se te acha fora desse país. Eu sei que não acha, mas uma hora a ficha cai para ele também.
Eu não choro mais tanto.Mentira, choro quando fecho os olhos por mais de 2 minutos, mas deixe eles aqui pensarem que nem é mais tanto.
Você me escuta? Quando estou dirigindo e abaixo o som e começo a conversar com você? Falo como me sinto, peço desculpas, falo que te amo que te amo que te amo que te amo e que não sabia que você ia embora.
Eu gostei da sua visita de noite, mas foi ruim sabe? Não que não seja para você não voltar, por favor volta, mas sei que é difícil você aparecer, então quando aparece, eu fico num aperto sabendo que aquilo logo vai acabar. Eu te abracei, te beijei. Foi a primeira vez que você veio e eu já tinha a consciência que você não ia estar sempre por perto, por isso te beijei tanto, te abracei tanto, te cheirei tanto e não falei quase nada, sabe por que? A sua voz.Eu queria escutar sua voz para gravar dentro de mim. O seu cheiro eu ainda encontro nas roupas mas a sua voz não. Antes eu ligava para seu celular e ficava escutando a caixa-postal, mas agora bloquearam seu número, não escuto mais.
Hoje é a primeira vez que durmo em casa depois que você foi. Estou tomando um chá que a tiehimdown me trouxe.
Vou dormir, vê se aparece... I will wait you until I wake.